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OCASO ÉPICO - Acasos Épicos
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OCASO ÉPICO - Acasos Épicos

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OCASO ÉPICO - Acasos Épicos

ANTI-DEMOS-CRACIA
ADC123MAI2024
Formato: CD (digisleeve + booklet)
Edição limitada a 129 exemplares

Todas as músicas e letras são de autoria de “Farinha Master” (Carlos Cordeiro)

Imagem de capa (1993): José Kafka
Grafismo (capa e booklet): Carlos Paes
Texto: Carlos Matos
Tratamento digital: Rui Geada

(envio de CD a partir de 15 Maio)

 

Lista das músicas:

01. Asa Branca (ensaio na garagem, 1990)
02. Frágil (ao vivo RRV, 1988)
03. Ponte Kevai (ensaio na garagem, 1983)
04. Húmidos Costumes (ensaio na garagem, 1987)
05. Ki (ensaio na garagem, 1989)
06. Karma (ensaio na garagem, 1987)
07. New Bordinhas (ao vivo no RRV, 1984)
08. O Empecilho (feat. Anabela Duarte) (ao vivo no RRV, 1984)
09. Paraíso dos Trouxas (ensaio na garagem, 1985)
10. Carrinhos (ensaio na garagem, 1988)
11. Quinto Intédio (ao vivo RRV, 1984)
12. Sonic Yuppie (ensaio na garagem, 1989)
13. Transvias três vias nem Pias (ensaio na garagem, 1988)
14. Venham mais vinte e cinco (ensaio na garagem, 1989)
15. Calhambeque (feat. Anabela Duarte) (ao vivo RRV, 1984)
16. Pátria (feat. Anabela Duarte) (ao vivo RRV, 1984)

 

Tomem fôlego: Alberto Garcia (Mler Ife Dada, Rádio Macau, V12), Anabela Duarte (Mler Ife Dada e Bye Bye Lolita Gir), Paulo Neto (Essa Entente, K4 Quadrado Azul, Café Bagdad), Rui Fingers (V12), Carlos Zíngaro, José Valor (Bastardos do Cardeal, Centro De Pesquisas Ruído Branco, Lucretia Divina, Major Alvega), Rui Grazina, Manuel Machado (Essa Entente, Sitiados), José Kafka (V12), Rini Luyks (Lucretia Divina, Boris Ex Machina), Ricardo Machado, Pedro Barrento (Zona Proibida), Rui Mofreita, Zé Nabo (Objectivo, Os Ekos, Salada de Frutas), Fernando Velez, José Carrapato e, claro, Farinha Master (alter-ego de Carlos Cordeiro), são os nomes que foram dando corpo a OCASO ÉPICO, um dos coletivos mais delirantes e difíceis de etiquetar que existiu no panorama musical português entre 1981 e 1995.

Os músicos que passaram por este autêntico OMNI (Objecto Musical Não Identificado) conferiram-lhe bastante singularidade e a liberdade criativa sem espartilhos foi absolutamente decisiva para a construção de um território incomum onde se colocou, lado a lado, música experimental, cyberpunk kafkiano, pop saloia, folclore minimal, eletrónica dadaísta, rock industrial, synthpop cómico-infantil, trejeitos melódicos orientais, modulações arábicas, jazz tribalista, ritualismo sinfónico e balanço neoclássico, num processo espantosamente harmonioso, quando o provável seria tudo isto descambar num descontrolado e valente caos anárquico e dissonante.

Ora, no topo de tudo isto, ou melhor, dentro de tudo isto, emergia a “loucura” de Farinha Master, rei dos trocadilhos e das chalaças, provocador nato, que desbragado, se colocava a jeito de inquinar a sua reputação de mestre de yoga, num Portugal que ainda gatinhava na sua imberbe Democracia. “1 de abril sempre!”, gritava Farinha Master numa das gravações ao vivo que podemos ouvir neste “Acasos Épicos”, como se a distopia da sua narrativa vernácula estivesse protegida por um “dia das mentiras” contínuo e ininterrupto.

Apesar do som de marca da banda ser praticamente inquestionável e inequívoco no nosso país, a audição atenta que fiz deste trabalho remeteu-me, curiosamente, para a estética de dois grupos franceses contemporâneos de Ocaso Épico, mais sérios liricamente que estes, mas com pontos convergentes e comuns, aqui e ali, na abordagem musical: Die Bunker e Opera Multi Steel (estes ainda no ativo).
“Acasos Épicos”, o terceiro e “novo” álbum da banda (o primeiro foi “Muito Obrigado”, que chegou ao mercado em formato LP, em 1988, com selo da Dansa do Som, e o segundo foi “Desperdícios”, que saiu em cassete com carimbo da Tragic Figures) mostra-nos um conjunto substancial de gravações feitas nos ensaios e em concertos, sobretudo, no mítico Rock Rendez-Vous – local onde Ocaso Épico ganhou enorme estatuto e grande importância.

Ocaso Épico até podia ser referenciado apenas como um bando de maluquinhos em frenesim sob a batuta do “maestro” Farinha (que para além da voz principal, também era responsável pela flauta, teclas e guitarra) porém, isso seria demasiado redutor para tanta genialidade criativa junta. A Anti-Demos-Cracia dá-nos assim, de novo, a nobre oportunidade de descobrir (mais) um dos tesouros esquecidos do cancioneiro português.

Em 2001, um ano antes de falecer, Farinha Master deixou-nos mais um álbum gravado. Chamava-se “Transmutação” e foi apresentado sob a designação de Angra do Budismo que, a bem-dizer, foi uma espécie de Ocaso Épico versão 2.0, com Master a ser acompanhado por Luís Bernardo, Sara Belo, e por um enigmático (ou por uma enigmática) Sabini.

O grupo Ocaso Épico ficou para sempre ligado ao imaginário disruptivo e humoristicamente provocador de toda uma geração onde me incluo (os nascidos nos anos 70) e o seu legado público, para nossa felicidade, alarga-se agora com a edição deste trabalho resgatado de “gavetas esquecidas” (onde, presumivelmente, existe mais material semelhante ao que agora foi revelado).

Onde quer que esteja Farinha Master, o grande timoneiro desta visceral desbunda, está, com toda a certeza, a fazer pouco de nós, a fazer “trocadalhos do carilho”, a tocar flauta com a destreza do gajo dos Jethro Tull, e a gritar aos quatro ventos, “Viva Marcelo Cunhal”!

Carlos Matos

Marca ADC
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